24 de setembro - Sulear-se: um convite para revermos quem somos e nossas formas de sentipensar e estar no e com o mundo
Ana Paula Beato-Canato
Nos últimos anos, estudos decoloniais (GROSFOGUEL, 2013; 2015; WALSH, 2014; 2015; CASTRO-GÓMEZ; GROSFOGUEL, 2015; MIGNOLO, 2012 [2000]; 2015, WALSH, 2015; QUIJANO, 015; MALDONADO-TORRES, 2015; BISPO, 2015; MIGNOLO; WALSH, 2018; BELL HOOKS, 2019 [2017]) têm se ampliado assim como a divulgação de ações de movimentos (sociais) que reivindicam direitos e trazem à tona histórias, questões culturais e ontoepistemológicas, que colocam em xeque narrativas únicas (ADICHIE, 2009). Nesse contexto, somos incitadas a questionar discursos hegemônicos e nos engajar em práticas decoloniais, buscando outras maneiras de ser, pensar, saber e agir politicamente, que promovam o convívio e a valorização da diversidade. Nesse cenário, no ano em que celebramos os cem anos de nascimento de Paulo Freire, optei por retornar a suas obras (FREIRE, 967; 1971; 1974, 1987; 1990; 1992; 1995; 1996) e, assim como Freitas (2014), buscar parentescos intelectuais entre ideias freireanas e perspectivas (decoloniais) mais recentes. Nesta comunicação, foco em aproximações e distanciamentos entre o conceito de linguagem em Freire e em autoras/es contemporâneas/os (MIGNOLO, 2012 [2000]; 015; CASTRO-GÓMEZ; GROSFOGUEL, 2015; BELL HOOKS, 2019 [2017]. Entendo que o convite de Freire para sulear estabelece um forte parentesco com as propostas de autoras/es decoloniais já mencionadas/os, na medida em que, conforme esclarece Ana Maria Freitas (2021 [1992]), ao emprestar o termo do físico Marcio Campos, o autor procura chamar atenção para a conotação ideológica da linguagem e a maneira como ela nos constitui. Ao revisar o uso de termos como nortear-se e orientar-se, para citar dois xemplos, revisamos a linguagem que nos constitui e assim revemos nossas formas de ser, sentipensar, estar, saber no e com o mundo em busca de inéditos viáveis (FREIRE, 2021 [1992]).