23 de setembro - A avaliação no ensino de língua inglesa: ressignifiçcaões através de um olhar decolonial
Camila Haus
Atualmente, me observo em um lugar de muitas inquietações a respeito de minha prática enquanto professora de inglês no Brasil. Tais problematizações são fruto de minhas experiências vividas e de determinadas leituras com as quais tenho me deparado nos últimos anos, como Inglês Língua Franca (DUBOC; SIQUEIRA, 2020; JORDÃO; MARQUES, 2018), translinguagem (GARCÍA; WEI, 2014; CANAGARAJAH, 2013), letramentos (DUBOC; MENEZES DE SOUZA, 2021; MONTE MÓR, 2018; JORDÃO, 2014), e decolonialidade (MENEZES DE SOUZA, 2019; MIGNOLO, 2000). A partir deste meu posicionamento, percebo que a avaliação no ensino de língua inglesa é um dos principais instrumentos de perpetuação de certos paradigmas. A avaliação apresenta um profundo poder simbólico (BORDIEU, 1996), ou seja, potência de constituir e estruturar percepções, na medida em que: a) muitas vezes direciona e define objetivos, conteúdos e habilidades a serem ensinadas, fenômeno conhecido como efeito retroativo (SCARAMUCCI, 2011); b) influencia a visão de língua dos professores (SHOHAMY, 2018), a qual observo como predominantemente estruturalista; c) funciona como um “rito de instituição” (BORDIEU, 1996), marcando uma passagem e instituindo uma diferença entre capazes e incapazes, inteligentes ou não, bem sucedidos ou não; d) configura e é configurada por emoções (BENESH, 2012) de insuficiência e insegurança, resultado de ideologias normativas, monolíngues e da superioridade do falante nativo. Considerando meu lócus, estudos, vivências e práticas, acredito que esse poder simbólico e ritualístico dos processos avaliativos seja uma construção permeada por epistemologias coloniais e estruturalistas. Por isso, ressalto a necessidade de problematização e transformação da avaliação através de um posicionamento decolonial, na tentativa de vislumbrar outros olhares que contemplem uma formação linguística menos opressora, hierárquica e excludente, que seja crítica e condizente com perspectivas discursivas de construção de sentidos, diversidade e pluralidade. Nessa apresentação, trago uma breve descrição da minha pesquisa de doutorado (em andamento) a respeito da avaliação no ensino da língua inglesa. Inicio levantando algumas problematizações, leituras e vivências, apresento a metodologia que está sendo desenvolvida na construção de uma pesquisa colaborativa no projeto de extensão UTFPR Idiomas, e concluo com alguns rumos os quais acredito que esta pesquisa poderá tomar.