18 de outubro - Colaborar para traduzir: experiências em um contexto de ensino de português como língua de acolhimento”
Mariana Lyra
O presente trabalho tem como objetivo abordar uma experiência de ensino de Português como Língua de Acolhimento (PLAc) no projeto de extensão Português Brasileiro para Migração Humanitária (PBMIH), vinculado à Universidade Federal do Paraná (UFPR). Essa experiência educativa se deu de forma colaborativa entre uma professora do PBMIH, que também ocupa a posição de pesquisadora vinculada ao programa de pós-graduação em Letras da UFPR, e um professor sírio-brasileiro do PBMIH, ex-participante desse mesmo projeto e atualmente professor em formação inicial. Com isso, promovo um debate acerca da relevância da pesquisa colaborativa (IBIAPINA, 2016; MATEUS, 2005; SILVESTRE, 2016), numa conversa explícita com conceitos como tradução intercultural e ecologia de saberes (SOUSA SANTOS, 2006, 2018). A partir de uma experiência localizada, essa apresentação busca contribuir e propor compreensões acerca da formação colaborativa de professores de PLAc, ressaltando as perspectivas expandidas e as tensões vividas ao longo da prática pedagógica em colaboração. Nesse sentido, aponto para: (a) a importância da prática colaborativa, ocorrida entre os docentes participantes, em uma tentativa de desestabilizar relações de poder/saber e, assim, promover um ensino mais bem informado e que busca justiça social e cognitiva; (b) a compreensão do dissenso em seu potencial transformativo, sobretudo no ensino-aprendizado de línguas adicionais envolvendo migrantes de crise; (c) a urgência da criação de espaços de formação de docentes de PLAc que se proponham a construir sentidos sobre a área e que valorizem a multiplicidade de seres, saberes, repertórios linguísticos dos alunos e professores.