20 de outubro - Identidades e saberes indígenas: um olhar para o livro didático de língua espanhola

Rogério Back

Em tempos de binarismos, violências, apagamentos e negações, é preciso unir forças com os movimentos articulados por diversos grupos sociais historicamente invisibilizados para que, quem sabe, dias melhores possam emergir. Frutos destas constantes mobilizações, algumas legislações têm tornado obrigatório o trabalho pedagógico com questões étnico-raciais, apontando para a necessidade de valorização e de reconhecimento da diversidade étnico-cultural em nosso país. Exemplo disso é a implementação da Lei 11.645 (BRASIL, 2008), que normatiza e torna obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena no âmbito de todo o currículo escolar. Nesta esteira, os livros didáticos precisam atender a esta e outras normativas para que possam ser aprovados pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático e possam auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, inclusive de escolas indígenas. Contudo, a lei por si só não garante que a inserção dessas temáticas nestes recursos didáticos sejam trabalhadas dentro de suas especificidades e sem a (re)produção de narrativas únicas (GRAÚNA, 2011; ADICHIE, 2009) e impostas sobre estes dois grupos sociais apontados pela lei de 2008. Assim sendo, esta apresentação intenciona apresentar uma pesquisa em andamento, que tem como objetivo geral analisar as identidades indígenas e o papel das etno-histórias e saberes indígenas no material didático adotado para o processo de ensino-aprendizagem de língua espanhola no Ensino Médio de uma escola indígena. Neste sentido, são analisadas tanto a presença da temática indígena neste recurso didático (identidades e saberes étnicos) quanto as atividades propostas, momento em que é observada, também, a finalidade da inserção das questões indígenas na coletânea. Destarte, o estudo visa refletir, desde normativas específicas, como este livro didático, embora não seja específico, pode contribuir para o ensino da língua espanhola guiado pelas especificidades da Educação Escolar Indígena. Para esta tarefa, buscamos assumir um olhar contra/de/colonial (SANTOS, 2015; QUIJANO, 2005), com vistas à uma postura menos violenta e mais empática. Desta forma, para compor o recorte teórico deste estudo, são evocados, prioritariamente, autoras e autores indígenas e quilombolas, como Graúna (2011; 2012; 2013), Luciano (2006; 2017; 2019), Munduruku (2003; 2012), dentre outros, que advogam acerca de assuntos relacionados à língua, identidade e literatura. Assim sendo, entendemos como essencial que sejam inseridos teóricos indígenas na construção deste quadro teórico, para que possam ser criadas inteligibilidades a partir desse olhar étnico e plural dos povos originários. Por fim, por ser um estudo em desenvolvimento, para esta apresentação serão trazidos alguns dos resultados já observados e analisados e que estão a direcionar as discussões da pesquisa.